
Todos os anos, Ligória Felipe dos Santos, agricultora do Sítio Lagoa do Sapo, município de Esperança-PB aguarda com ansiedade, o dia 08 de março para participar de mais uma edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. “Posso dizer que foi a partir do momento que eu fui à primeira marcha que hoje eu estou de pé e posso caminhar”, conta a agricultora que começou a participar em 2013. Aos poucos, Ligória foi deixando para trás uma vida de opressão, quando reuniu forças para enfrentar a violência que ela e os filhos sofriam por parte do marido. Mas na sociedade essas violências se renovam todos os anos. “Na minha comunidade, agora a pouco, apareceu um projeto para a construção de um tanque de pedra, de vários homens, nenhum se propôs participar. Então eu fui e coloquei o meu nome para trabalhar. Eles não queriam me deixar porque eu sou mulher, mas eu insisti. No primeiro dia de trabalho fui lá, peguei a colher e comecei a fazer o serviço. E eu disse que se não me deixassem trabalhar, eu ia lá na próxima Marcha, ia subir no palco e falar que estão me discriminando”, disse.
No próximo 08 de março, o Polo da Borborema e a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia realizarão a sétima edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, no município de Areial, localizado a 35 km de Campina Grande. Assim como Ligória, espera-se que mais cinco mil agricultoras possam marchar em busca de igualdade, de justiça, em busca de direitos. A Marcha é realizada desde 2010, sempre em um dos 14 municípios onde as duas entidades atuam pelo fortalecimento da agricultura familiar agroecológica, há mais de 20 anos.

Programação - A concentração acontecerá, no Sítio Areial II, no Campo do Cruzeiro, às margens da rodovia PB-121, onde serão acolhidas as caravanas de outros municípios e de outras regiões do estado. Antes de caminhar, uma peça encenada pelo grupo de teatro amador do Polo da Borborema ajudará a promover a reflexão sobre as desigualdades entre homens e mulheres. O espetáculo vai retratar o cotidiano de uma família de agricultores na qual as mulheres sofrem vários tipos de violência de gênero dentro de casa. Esse ano, o espetáculo intitulado: “Acorda, Biu!”, será uma alusão ao curta-metragem, de 1990, “Acorda, Raimundo, Acorda!” do diretor Alfredo Alves que mostra a opressão de gênero com papéis invertidos entre homem e mulher.
